Jul 11 / André Brandão

O que fazer com a palavra expectativa?

Você já se deparou com a sensação de ter suas expectativas frustradas? A decepção, a desmotivação e o desânimo são apenas algumas das emoções que acompanham essa experiência tão comum. Recentemente, vi o seguinte post nas redes sociais que dizia:

“Crie um unicórnio, mas não crie expectativas!”

Quem nunca sofreu os sentimentos de expectativas não atendidas? Frustração, decepção, desmotivação ou desânimo são algumas das consequências quando isso acontece. Por isso, esse assunto e esses memes ganham tanta repercussão na internet.

Por outro lado, faz parte da natureza humana imaginar, sonhar, criar possibilidades, ter esperança, desejar, etc. Todas essas palavras podem ser sinônimos de expectativa. Que etimologicamente significa o estado de quem espera algum acontecimento. Especialmente no início de um novo ano ou ciclo essas palavras se fazem bastante presentes.

O que fazer, portanto, para trazer um pouco de harmonia e paz a esse conflito? Como podemos continuar esperando algo positivo de alguma situação e, caso isso não aconteça, ainda assim possamos seguir motivados, satisfeitos ou algo do tipo? Melhor ainda, como podemos não ser apenas impactados pelos resultados de alguma expectativa e passarmos a ter mais influência sobre eles?

Durante minha experiência na gestão de diversas equipes multidisciplinares na área de TI, também sofri e vi os liderados sofrerem com expectativas não atendidas. Lembro-me de uma conversa específica com um dos coordenadores sobre um projeto bastante complexo e incerto que envolvia a redundância dos principais serviços de TI em diferentes datacenters em países distintos. Após perguntar quais eram as expectativas do time que ele coordenava em relação a esse projeto, ele me respondeu que eram boas apesar de toda a complexidade. Resolvi perguntar a mesma coisa, mudando apenas uma palavra: ‘expectativas’ por ‘intenções’. Ou seja, perguntei: “Quais são as intenções do time em relação a esse projeto?”. A resposta veio recheada de ações e protagonismo: “garantir a disponibilidade dos serviços, entregar tarefa por tarefa dentro dos respectivos prazos, ...” e assim por diante.

Portanto, é simples e poderoso: troque a palavra ‘expectativa’ pela palavra ‘intenção’ sempre que possível e aplicável. Essa simples ação te transforma de expectador para protagonista nas situações. Você deixa de ser apenas influenciado e passa a influenciar.

Por exemplo, quando você vai ao cinema e se pergunta: “quais suas expectativas em relação a esse filme?”. Geralmente a resposta é: espero que seja bom, espero que eu goste, e assim por diante. Aí você senta na sua poltrona e terceiriza para o filme que ele atenda a sua expectativa. Ao passo que, se você se perguntar “quais são suas intenções em relação a esse filme?”, algumas possíveis respostas podem ser: ter a intenção de aprender algo, de se divertir, etc. Mesmo que o filme seja muito ruim, você ainda pode fazer algo para atender suas intenções – comprar uma pipoca fresquinha, praticar inglês, assistir o filme como se você fosse um crítico renomado, etc. Enfim, você deixa de terceirizar para o filme e passa a assumir a responsabilidade do resultado.

O quanto você tem considerado todos esses P’s ao gerenciar as mudanças sob sua responsabilidade? O quanto você tem questionado sobre esses P’s quando as mudanças são apresentadas e demandadas de você como líder?

Os Quatro P's oferecem essa estrutura na implementação de iniciativas de mudança. Comunicar o propósito, ajudar as pessoas a visualizar o futuro, fornecer um plano claro e construir parcerias. Ao fazer isso, como líder, você poderá ajudar as pessoas a entender, aceitar e se comprometer com as mudanças.